Agostinho dos Santos, o pioneiro do ensino superior |
O primeiro
curso superior do Estado foi a faculdade de odontologia e farmácia de Campo
Grande. Iniciou os cursos de odontologia e farmácia em 1929 e foi seu fundador
e primeiro diretor o dentista Agostinho dos Santos. O corpo docente dos cursos
foi composto por médicos e dentistas de renome no Estado: Nicolau Fragelli,
Newton Cavassa, Vespasiano Barbosa Martins, Fernando Correa da Costa, Ermírio
Coutuinho, Francisco Ferreira de Souza, Artur Vasconcelos, José Verlangiere,
Franklin de Castro, Assis Bastos, Lúcio Valadares, Valeriano Maia, Heráclito
Braga, Vital de Oliveira, Ferdinando Silveira, Timóteo Rostey e Tertuliano
Meireles.¹ (JC 24-8-1934)
Ao final do primeiro ano de funcionamento
estavam matriculados os alunos Balbino Soares da Costa, Wanda Lorenta da Rosa,
Carlos Elmano de Oliveira, Sylvia Lorenta da Rosa, Ilídio Gonçalves da Costa e
Keite Miyaki, aprovados para o segundo ano.2 (JC, 20-12-1929).
Em 1932 a
escola teve suas atividades interrompidas pela revolução constitucionalista e
suas instalações depredadas pelos vencedores do conflito. O fundador, Agostinho
dos Santos mudou-se para o Rio de Janeiro e transferiu a direção da sociedade
ao médico Tertuliano Meireles, que reabriu a escola, recontratando os
professores e iniciando uma verdadeira batalha política para conseguir o
reconhecimento dos cursos.
Em 1° de
abril de 1934, o Jornal do Comércio estampou eu sua primeira página sob o
título “Foi oficializada a nossa faculdade de Odontologia e Farmácia”, a
seguinte notícia:
Está finalmente realizada a antiga e
justa aspiração da classe de estudantes sulinos: a Faculdade de Odontologia e
Farmácia foi oficializada pelo benemérito e honrado governo do Estado.
É verdade que os gratuitos inimigos
dessa faculdade ainda podem protestar...
Os estudantes que lhes agradeçam!
Eis a notícia oficial recebida pelo
diretor daquela faculdade:
“Cuiabá 28.
Dr. Tertuliano Meireles – C. Grande.
Tenho
especial prazer comunicar-lhe que por decreto n. 352, de 27 do corrente, foi
encampada Faculdade Odontologia e Farmácia, dessa cidade, consoante desejos do
prezado amigo e mais acionistas. Saudações cordiais.
Laurentino
Chaves”.
Quanto ao futuro do empreendimento sabe-se que houve a formatura de uma turma do curso de farmácia em 1933, da qual foi paraninfo o coronel Newton Cavalcanti, comandante da 9a. Região Militar e entre os formandos o advogado Jaime Ferreira de Vasconcelos, diretor de Jornal do Comércio.³
Paulo Coelho Machado dá uma pista em seu livro A Rua Pincipal, que conta a história de rua 14 de Julho, sobre o destino da iniciativa pioneira de Agostinho dos Santos:
"Muitos foram formados nessa escola. Numa época de profissionais escassos, os moços de Campo Grande puderam adquirir uma profissão útil e prestar bons serviços na cidade e sobretudo na campanha, como tiradentes ambulantes. Alguns revalidaram os diplomas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Outros permaneceram como dentistas práticos, pois a escola não logrou reconhecimento pelo Ministério da Educação".
A última sede da faculdade foi na esquina das ruas Cândido Mariano e 13 de Maio.
FONTE: ¹Jornal do Comércio (Campo Grande), 24-04-1934. ²Idem, 12-03-1933, ³Idem, 20-09-1933. Paulo Coelho Machado, Pelas ruas de Campo Grande, 2a. edição, Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2008, página 141.
FOTO: acervo Paulo Coelho Machado.
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