A vila de Coxim no tempo da guerra contra o Paraguai, em desenho de Taunay |
No seu
apogeu, como entreposto do comércio com os goianos, Coxim interrompe
abruptamente seu ciclo de crescimento econômico, com a invasão de Mato Grosso,
em 24 de abril 1865 pelo exército do general Solano Lopez. A cidade foi ocupada
por cerca de um ano por forças inimigas, que abandonaram a vila em 1866 com a
aproximação da coluna de São Paulo, Minas e Goiás.
Conta Ronan Garcia da Silveira diz que “no momento em que aconteceu aquela invasão, provocando o pânico, ocorreram fugas de moradores, diante da presença dos paraguaios que, ao dominarem a região, estabeleceram o seu quartel general no lugar denominado fazenda São Pedro".
Relata a literatura referente ao episódio, que a notícia da invasão foi levada a Cuiabá pelo cidadão Antonio Theodoro de Carvalho, morador na região, que chegou à capital da província no dia 8 de maio de 1866, ou seja, treze meses após a invasão".¹
Sobre a localidade, Taunay, que por lá passou em 1865, como membro da comissão de engenheiros da força expedicionária brasileira que se dirigia à fronteira, fez o seguinte depoimento:
"Antes da guerra este lugar, colonizado por gente de Mato Grosso, foi-se desenvolvendo com alguma lentidão. Entretanto nas vizinhanças estabeleceram-se vários mineiros que cultivavam com bom resultado as suas terras. Entre esses citaremos o Sr. João Theodoro de Carvalho. As poucas casas da colônia foram queimadas pelos paraguaios que chegaram ali no mês de abril de 1865 e não puderam ir além se não umas sete léguas, porque a cavalhada ia-lhes morrendo toda. Depois estabeleceu-se a nossa expedição e dela ficaram não só ranchos, como até algumas moradas boas e um grande depósito. Gente afluiu para aí e constituiu então uma espécie de povoação".
O autor de Retirada da Laguna informa ainda que em toda a linha onde fora levantado o acampamento militar "está compreendido o lugar chamado Coxim e que fora destinado pelo governo imperial para o estabelecimento da colônia militar de Taquari ou Beliago".²
Sobre a invasão a Coxim, El Semanário, orgão da
imprensa oficial do governo paraguaio, em sua edição de 3 de junho de 1865, dá
a seguinte notícia:
"Nuestras fuerzas del Norte siguen en buen
estado, y son señores de la frontera de Alto Paraguay, y sus afluentes, así
como de todos los pontos tomados al enemigo que conoce el público.
De nuevo tenemos que dar cuenta de que nuestros
soldados van poco a poco ganando terreno en Matto Grosso.
Una partida que despachó em Sor, Coronel Resquin
al mando del capitan Ciudadano Juan Batista Agüero llegó el 24 de Abril a la
colônia de Coxim a la derecha del Rio Taquari, despues de una marcha de mas de
70 leguas en la mayor parte por pantanales y cordilleras.
Tuvieron que atravezar a pié 22 léguas de
esteros que hay desde el Rio Negro hasta cerca del arroyo Piuba.
La colonia se encontró desocupada de guarnicion:
sus habitantes la habian abandonado como seis a ocho dias antes, a escepcion de
4 indivíduos que huyeron a la vista de nuestras tropas.
Los papeles tomados hemos publicado em el último
número del Semanário: de mas se ve claramente que el Gobierno brasileiro tomaba
sumo interes de reducir a los índios de la tribu de Caiapó, indígenas de las vertientes
de los rios Coxim y Tacuari para aumentar con ellos las poblaciones, segun han
hecho por nuestros mismos indigenas de Terecañi (Villa de Ygatimi), a quienes
atrayendo en sus promesas les hizo poblar el Carguataticora a la derecha de la
desembocadura de nuestro rio Ybeneima, o Ygurei el el Paraná, locual consta de
declaraciones de indios tomados en el Brilante".
FONTE: ¹Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Prefeitura Municipal, Coxim, 1995, página 30. ²Taunay, Marcha das forças, Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, 1928, página 142
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