Em 17 de julho de 1975 o Sul de Mato Grosso é atingido pela maior geada do século XX, lembrada 40 anos depois pelo repórter Fausto Brites, do Correio do Estado, de Campo Grande:
Na edição de sexta-feira, a matéria principal: 'Enquanto alguns pontos do município de Bandeirantes viviam a primeira nevasca da história de Mato Grosso, no período compreendido entre as 6 horas e 8 horas da manhã de anteontem, Campo Grande amanhecia ontem coberta por uma fina - em alguns casos, camada grossa, originada da baixa temperatura, que atingiu dois graus negativos'.
Segundo ainda a reportagem, 'nas ruas da cidade, aqueles que acordaram mais cedo ou saíram antes da 7h30min puderam ver nos tetos dos automóveis a camada de gelo formada durante a madrugada. O Serviço de Meteorologia da Base Aérea, por seu turno indicava a temperatura mínima: um grau e meio abaixo de zero. A mesma fonte, baseada em seus arquivos, garantiu que a última frente de igual intensidade, que atingiu Campo Grande, ocorreu há cerca de 20 anos, ou seja, em 1955'.
A cafeicultura nascente, segundo o Correio do Estado, agonizava por causa da geada. A reportagem ouviu o cafeicultor Gabriel Abrão: 'A cafeicultura do sul de Mato Grosso acabou; a geada queimou tudo. Foi um desastre total. A a afirmação foi feita ontem pelo cafeicultor Gabriel Abrão, proprietário da maior área plantada com café que afiançou que não ficou um pé sem queimar'.
O produtor termina sua entrevista com dados catastróficos:
A estimativa de perda foi de 40 milhões de pés liquidados pela geada. Os prejuízos na época eram inestimáveis e Gabriel disse que sua perda seria em torno de 5 milhões de cruzeiros.
O estrago foi geral, segundo o jornal:
Em Corumbá, o gado estava morrendo no Pantanal. Segundo a reportagem, alarmava os pecuaristas novatos, mas não os mais experientes, que já previam a mortandade estimada, até o fim do frio, em 20 mil cabeças, o que seria relativamente pequeno em relação ao número de reses mortas na última enchente, que foi de aproximadamente 300 mil animais.
Em Rochedinho e Nova
Andradina, entre outros municípios, também foram registradas morte de gado pelo
frio.
Em Dourados, a quinta-feira
foi também de muito frio e preocupação da população com os eventuais prejuízos
na pecuária e lavoura. No município de Ponta Porã, a temperatura registrada foi
de quatro graus abaixo de zero, causando desolação aos produtores rurais,
principalmente aos triticultores, os quais estimavam que teriam perda
considerável na lavoura.
A geada negra, como ficou conhecida, acabou com o café no Estado do Paraná.
FONTE: Fausto Brites, O frio que aterrorizou o Estado, Correio do Estado,26-10- 2015.
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