Agência telegráfica de Aquidauana |
Chega ao vilarejo de Aqudauana à margem direita do rio, em 1903, a integração telegráfica com Cuiabá, via Coxim. O major Cândido Mariano da Silva Rondon, responsável pela implantação da linha, conta como foi alcançar esse ponto: |
Pouco avançávamos porque os soldados estavam esgotados, mas a 26 de maio entrávamos na vila de Aquidauana. O pique foi recebido festivamente, como prenúncio da chegada da linha. Houve foguetório e música. Mandei distribuir vinho às praças que tiveram descanso... relativo.
Devia eu, porém, conseguir uma casa onde fosse possível instalar a estação telegráfica pois, regressando ao acampamento, encontrara resposta negativa de d. Antonia Jatobá a uma proposta minha, feita por intermédio de Ciríaco: ceder ela à Comissão a casa de sua propriedade, com contrato, fazendo-se-lhe os reparos necessários.
O acampamento mudou-se para o Taboco e parti para Campo Formoso cuja estação devia ser inaugurada no mesmo dia que a de Aquidauana. Para isso se construiu uma casa junto a uma fonte de bastante água. Para proteger o manancial, mandei fazer um grande alambrado de 400 m de face, cercando a estação. Adquiriu a Comissão esse terreno do fazendeiro Zeferino Rodrigues, pela quantia de 1$500 (mil e quinhentos réis). Foi um meio de fazer pronta doação do terreno, uma vez que não havia tabelião naquelas paragens.
Segui para Aquidauana – o meu filhinho adoecera. Preocupado e aflito,
tive, entretanto, a alegria de o encontrar restabelecido. Foi necessário
resolver ao mesmo tempo o problema da casa para a estação telegráfica. Não
havia outro recurso senão construir uma. Escolhi um lote de 36 m de
frente, no único largo da vila. O acampamento, quando para cá fosse
transferido, ficaria na praça ou na rua da estação.
Cuidei também de determinar a latitude por observação circumeridiana do sol, medindo duplas distâncias zenitais.
Segui a 15 para o acampamento, a fim de tornar mais rápida a marcha do serviço e a 21 estava a construção em caminho de Limão Verde para a vila, onde chegou a 28 – chegada que o espocar de foguetes anunciou. Mudou-se então o acampamento, empregou-se todo o pessoal na limpeza, não só dele como da praça e da vila, e cuidou-se dos preparativos para a festa de inauguração, na qual tomaria parte a banda de música do 7º regimento de cavalaria.
As 9 horas de 1º de agosto inaugurava-se a estação de Aquidauana – ao mesmo tempo que a de Campo Formoso.
A chuva não permitiu que estivessem presentes muitas famílias.
Ainda assim formou o contingente: li uma ordem do dia sobre a inauguração, houve discursos – inclusive o do sr. João Augusto da Costa que, em nome da população, dava o meu nome e o do Marechal Mallet às duas principais ruas da vila e o de rua do Telégrafo àquela por onde entrara a linha.
A comissão ofereceu um baile à população e, no dia seguinte, suspendeu o acampamento, indo bivacar no córrego João Dias.
FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa
Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 163.
Comentários
Postar um comentário