Procedente de Cuiabá chega a Campo Grande em 11 de setembro de 1929 o auto-ônibus da Empresa Auto Viação Matogrossense, inaugurando a linha entre as duas cidades, cujo transporte de passageiros até então era feito por vias ferroviária (até Corumbá) e fluvial pelo rio Paraguai.
A empresa, com sede em Campo Grande, firmou contrato com o governo do Estado, visando a exploração regular do transporte coletivo entre as duas principais cidades de Mato Grosso. O "Jornal do Comércio", dá os detalhes do citado contrato que estabelece a principio, uma viagem mensal de ida e volta:
"Não é preciso encarecer - justifica o jornal - o quanto de importante representa para Campo Grande o fato de que hora ocupamos, pois que ligado à capital do Estado por viagens regulares que deverão ser feitas em três dias, pouco mais ou menos, ficará nossa cidade, de preferencial sendo o ponto de intercâmbio dos passageiros que do Rio ou São Paulo se destinam a Cuiabá e vice-versa os quais terão assim uma diminuição de, pelo menos cinco ou seis dias de viagem".¹
Era governador do Estado, Mário Correia e prefeito de Campo Grande, Inácio Franco de Carvalho.
Esse investimento resultou em fracasso em virtude da precariedade da estrada de 950 km de percurso, “feita sem tratores, niveladoras, caminhões basculantes ou outra máquina qualquer, apenas com picaretas, enxadas, pás e machados, suor e músculo, pertinácia e teimosia”, segundo Ulisses Serra, sem revestimento, sem conservação e muito longa, tornou-se “praticamente intransitável e temeridade viajar-se nela. Logo que precariamente concluída, o português Manuel Bento inaugurou um serviço de ônibus entre as duas cidades”, que o levaria à bancarrota:
“Ela já havia absorvido seu capital e seu suor na construção de muitos de seus pontilhões, ia agora sugar-lhe os últimos recursos, suas esperanças de novos dias e de sua própria vida. Ele mesmo, com mil e uma dificuldades, fabricou a carroceria do pesado veículo, na sua oficina da Av. Calógeras. O coletivo, porém, a duras penas suportou somente suas viagens, destroçando-se na terceira”.
O transporte rodoviário de passageiros entre as duas cidades – ainda segundo Ulisses Serra, somente seria regularizado em 1936.²
FONTE: ¹Jornal do Comércio (Campo Grande), 13 de setembro de 1929. ²Ulysses Serra, Camalotes e Guavirais, Editora Clássico-Científica, São Paulo, 1971, página 49.
FOTO: reprodução do livro Raízes de Coxim, de João Ferreira Neto.
EM 1968, QUANDO VINHA DE CURITIBA PARA CUIABA, OS PASSAGEIROS ORA ERAM TRANSPORTADOS PELO ONIBUS, ORA OS PASSAGEIROS EMPURRAVAM O ONIBUS PARA SAIR DOS ATOLEIROS E AREÕES. DE CURITIBA A CUIABA LEVAMOS UMA SEMANA.
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