É assassinado na aldeia Campestre, no município de
Antonio João, em 25 de novembro de 1983, o cacique Marçal de Souza. A execução do líder indígena
teve repercussão nacional e internacional, aparecendo com destaque em todos os
jornais do Brasil:
O cacique Marçal de Souza dos guaranis, que em julho de 1980
saudou o papa João Paulo 2º em nome das irmandades indígenas brasileiras, foi
assassinado na noite de sexta-feira, com três facadas, na aldeia Campestre,
município de Antônio João (MS). Marçal que era também enfermeiro da Funai,
vinha reivindicando há cinco anos a demarcação das terras do índios Caiová que
vivem na aldeia de Piraquá.
Há cerca de 20 dias, Marçal recebeu a visita de um empregado da
fazenda Terra Brava, que lhe ofereceu cinco milhões de cruzeiros para que ele
convencesse os Caiová a sair da aldeia Piraquá. O cacique recusou a oferta e o
empregado da fazenda o ameaçou, dizendo que ele iria se arrepender. A aldeia
Piraquá está localizada na fazenda Serra Brava, que é reclamada pelo fazendeiro
Astúrio Monteiro.
Na sexta-feira à noite dois desconhecidos bateram na porta da
farmácia da Funai, na aldeia Campestre, pedindo remédio. Quando Marçal abriu a
porta recebeu as três facadas, morrendo em seguida. O cacique morava na
farmácia e sua família suspeita de que os assassinos sejam empregados da
fazenda.
Ontem, a União das Nações Indígenas (Unind), entidade de defesa dos índios, e parlamentares de oposição distribuíram nota conjunta protestando pela morte do cacique. O vice-governador do Rio de Janeiro, Darci Ribeiro, também protestou pela morte de Marçal em telegrama enviado ao governador de Mato Grosso do Sul, Wilson Martins. Diz o telegrama: "O sangue do líder Marçal de Souza, que foi o mais alto intelectual de Mato Grosso, emporcalhará sua memória se seus assassinos não forem descobertos e entregues à Justiça".
Ontem, a União das Nações Indígenas (Unind), entidade de defesa dos índios, e parlamentares de oposição distribuíram nota conjunta protestando pela morte do cacique. O vice-governador do Rio de Janeiro, Darci Ribeiro, também protestou pela morte de Marçal em telegrama enviado ao governador de Mato Grosso do Sul, Wilson Martins. Diz o telegrama: "O sangue do líder Marçal de Souza, que foi o mais alto intelectual de Mato Grosso, emporcalhará sua memória se seus assassinos não forem descobertos e entregues à Justiça".
Marçal era perseguido por proprietários da região em virtude de sua luta pela terra e demais direitos dos índios. Notabilizou-se por ocasião da primeira visita do Papa João XXIII ao Brasil, em 11 de julho de1980, por seu célebre discurso ao pontífice na cidade de Manaus em nome das nações indígenas de todo o Brasil.
FONTE: Folha de S.
Paulo 27/11/ 1983
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