Pular para o conteúdo principal

Miranda liberta seus escravos



Miranda, rua do Carmo, no início do século passado


O Clube Emancipador Mirandense em sessão solene em 12 de fevereiro de 1885, declara “completamente livres os escravos da vila de Miranda.” O ato foi reconhecido pela Câmara Municipal que igualmente comemorou o acontecimento, comunicando-o ao juiz de direito, Alcindo Vicente de Magalhães, que então se encontrava em Cuiabá como chefe de polícia da província. 

O ato foi registrado na seguinte ata:

Aos doze dias do mês de fevereiro do ano de mil oitocentos e oitenta e cinco, nesta vila de Miranda, em o Paço da Câmara Municipal, às sete horas da noite, presentes os senhores Capitão Luiz Generoso da Silva e Albuquerque, Antonio Xavier Castelo, Luiz da Costa Leite Falcão, Francisco Eugênio Moreira Serra, Horácio de Almeida Castro e João Augusto da Costa Leite, além de numerosos concursos de senhoras e cavalheiros, foi pelo presidente Capitão Luiz Generoso da Silva Albuquerque, aberta a sessão. Achando-se presente o Excelentíssimo Senhor doutor Juiz de Direito da comarca, Eduardo Augusto Nogueira de Camargo, o senhor Presidente, tomando a palavra, propôs que fosse o mesmo convidado, na qualidade de primeira autoridade Jurídica ou seja judiciária e presidente honorário do clube, para residir a sessão nomeando uma comissão composta dos senhores Castelo e Costa Leite para recebê-lo; o que foi feito, o mesmo tomou a presidência dando em seguida a palavra depois de breve alocução congrulatória ao senhor Capitão Silva e Albuquerque, que proferiu um discurso análogo. Tomou a palavra o secretário Costa Leite, que igualmente proferiu um discurso achando-se presente, entre outros hóspedes e estrangeiros, o tenente Carlos Peixoto de Alencar, o Sr. Presidente, em homenagem às ideias do mesmo, ofereceu-lhe a palavra que, sendo aceita, fez-se ouvir em eloquentes frases. Depois do que, e de breves palavras, o senhor presidente que as proferiu convidou as senhoras e cavalheiros presentes para o baile pela mesma comissão preparado, levantando a sessão, na abertura da qual foram declarados completamente livres os escravos da Vila de Miranda, por entre estrepitosas salvas de palmas e estrondosos vivas. E do que para constar lavrei esta ata, Eu, João Augusto da Costa Leite, Secretário do Club. - Miranda, doze de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e cinco. - Eduardo Augusto Nogueira de Camargo, Luiz Generoso da Silva Albuquerque, João Augusto da Costa Leite, Antonio Xavier Castelo, Luiz da Costa Leite Falcão, Horácio de Almeida Castro, Francisco Eugênio Moreira Serra.

FONTE: Estêvão de Mendonça, Datas Matogrossenses, Governo do Estado, Cuiabá, 1973, página 90.
FOTO: Album Grafico de Mato Grosso (1914)
Miranda 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Morre Bento Xavier, o maragato

Faleceu aos 53 anos em Belém, Paraguai, em 27 de setembro de 1915, o gaúcho Bento Xavier da Silva. Natural de Santana do Livramento, chegou ao Sul de Mato Grosso no final do século XIX, como refugiado da revolução federalista na qual lutou no exército maragato de Gumercindo Saraiva, derrotado pelos picapaus de Júlio de Castilho. Em Bela Vista dedicou-se à pecuária, ingressando em seguida nas lutas políticas regionais. Um dos pioneiros na luta pela divisão de Mato Grosso, liderou na primeira década do século passado a fase insurrecional da campanha separatista, chefiando um movimento conhecido como  Revolução da Paz , que "chegou a ter mais de 5.000 seguidores, que, para a época era um verdadeiro exército". Batido nos  combates de Estrela , em 1911 por tropas legalistas comandadas pelo major Gomes exilou-se no Paraguai, onde passou a trabalhar como açougueiro.  FONTE : Sidney Nunes Leite,  Bela Vista uma viagem ao passado , edição do autor, Bela Vista, 2001, pág

O assassinato de Henrique Spengler

Encontrado morto em casa, em 21 de março de 2003, em Coxim, vítima de agressão física, Henrique Spengler. 45 anos, nascido em Campo Grande, filho de José Roberto Spengler e Glorieta de Melo Spengler. Notabilizou-se como pesquisador das manifestações culturais indígenas e nativistas, dedicando-se, particularmente à nação Guaicuru. Foi ativista e um dos fundadores Movimento Cultural Guaicuru. Artista plástico, segundo Maria da Gloria Sá Rosa, Spengler "ao pesquisar a abstração dos padrões de desenho de couros, cerâmicas e tatuagem dos Cadiuéu, absorveu a essência das etnias regionais, projetando-a de maneira singular na linguagem das linhas e da forma". Professor, dedicou-se à disciplina História Regional que o interessava particularmente, havendo influenciado na inclusão da matéria no currículo escolar do Estado. Intelectual  participou ativamente de todos os projetos de identidade cultural de Mato Grosso do Sul, a partir da criação do Estado. Em 2004, o cineasta Alexandre B

Bando dos baianinhos aterroriza o Estado

Os irmãos Batista, gaúchos, domiciliados em Campo Grande, conhecidos como baianinhos , utilizando automóveis e até metralhadoras, aterrorizam fazendeiros em praticamente todo o território do atual Estado de Mato Grosso do Sul, especialmente no Pantanal, onde estão concentrados os maiores rebanhos bovinos no Estado. O impacto da organização criminosa teve repercussão nacional, como vemos na ampla reportagem da Agência Meridional, publicada em 15 de dezembro de 1943, em todos os jornais dos Diários Associados: Diante dos sucessivos assaltos de um bando que usa metralhadoras de mão, a população matogrossense pergunta: Lampeão, Corisco e Silvino Jacques terão encontrado sucessores aperfeiçoados? É o que vem acontecendo com o aparecimento dos ‘baianinhos’, grupo de bandoleiros que fazem incursões na região sul de Mato Grosso, tendo nos últimos dias de novembro efetuado ataques a cerca de 11 fazendas. Silvino Jacques, como se sabe, assolou com sua gente o nordeste do Estado,