Pular para o conteúdo principal

Morre na fazenda Taboco, o coronel Jejé




Aos 75 anos, morreu em 1° de setembro de 1927, em sua fazenda Taboco, no município de Aquidauana, o coronel José Alves Ribeiro, o coronel Jejé. Político influente no final do século XIX e início do século passado na região Sudoeste, foi um dos fundadores da cidade, onde morou, por muito tempo antes de exilar-se na fazenda Taboco, onde faleceu. Seu neto, Renato Alves Ribeiro, que o conheceu já no final da vida, relembra-o:

Vovô Jejé era um homem de temperamento alegre, apesar de ser um homem enérgico. Gostava de contar casos, gostava de política e sempre exerceu influência no Estado. Sua casa funcionava como um ponto de reunião da cidade. Pela manhã recebia na sala de visita, à tarde aproveitava a fresca da sombra da casa e à noite a roda era feita na porta da rua. Sempre roda grande, correndo um cafezinho e uns bolinhos de queijo, de horas em horas. Essas reuniões iam sempre até as 9:30 – 10 horas. Ali era um ponto de encontro das principais famílias da vila.


Tinha ao lado da casa o seu curral, com vacas de leite e cavalos arreados. Ali chegavam as carretas do Taboco, trazendo produtos da fazenda para abastecimento da casa e produtos para comercializar, como couros secos, charque, etc.


A sua casa era grande, farta e com enorme criadagem, principalmente bom cozinheiros, que quase sempre eram índios terenas.”

O coronel Jejé deixou como herdeiro político seu filho José Alves Ribeiro (cel. Zelito), deputado estadual e Intendente Geral em Aquidauana (1925/27), pai de Fernando Alves Ribeiro (Tico), que foi deputado federal e prefeito de Aquidauana por dois mandatos, cujo neto, Felipe Orro, deputado estadual (2011-2015) também exerceu o cargo de prefeito de Aquidauana por dois mandatos e em 2014 foi reeleito para o segundo mandato de deputado estadual. Em 2016, elege-se prefeito da cidade, Odilon Ribeiro, bisneto do coronel Jejé.

Participou ativamente de todos os movimentos ditos revolucionários no início da república, sendo o principal representante do governo do Estado no combate a Jango Mascarenhas, derrotado e morto em em 1901 e Bento Xavier derrotado em 1911.


FONTE: Renato Alves Ribeiro, Taboco, 150 anos de recordações, edição do autor, Campo Grande, 1984, pagina 69.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Morre Bento Xavier, o maragato

Faleceu aos 53 anos em Belém, Paraguai, em 27 de setembro de 1915, o gaúcho Bento Xavier da Silva. Natural de Santana do Livramento, chegou ao Sul de Mato Grosso no final do século XIX, como refugiado da revolução federalista na qual lutou no exército maragato de Gumercindo Saraiva, derrotado pelos picapaus de Júlio de Castilho. Em Bela Vista dedicou-se à pecuária, ingressando em seguida nas lutas políticas regionais. Um dos pioneiros na luta pela divisão de Mato Grosso, liderou na primeira década do século passado a fase insurrecional da campanha separatista, chefiando um movimento conhecido como  Revolução da Paz , que "chegou a ter mais de 5.000 seguidores, que, para a época era um verdadeiro exército". Batido nos  combates de Estrela , em 1911 por tropas legalistas comandadas pelo major Gomes exilou-se no Paraguai, onde passou a trabalhar como açougueiro.  FONTE : Sidney Nunes Leite,  Bela Vista uma viagem ao passado , edição do autor, Bela Vista, 2001, pág

O assassinato de Henrique Spengler

Encontrado morto em casa, em 21 de março de 2003, em Coxim, vítima de agressão física, Henrique Spengler. 45 anos, nascido em Campo Grande, filho de José Roberto Spengler e Glorieta de Melo Spengler. Notabilizou-se como pesquisador das manifestações culturais indígenas e nativistas, dedicando-se, particularmente à nação Guaicuru. Foi ativista e um dos fundadores Movimento Cultural Guaicuru. Artista plástico, segundo Maria da Gloria Sá Rosa, Spengler "ao pesquisar a abstração dos padrões de desenho de couros, cerâmicas e tatuagem dos Cadiuéu, absorveu a essência das etnias regionais, projetando-a de maneira singular na linguagem das linhas e da forma". Professor, dedicou-se à disciplina História Regional que o interessava particularmente, havendo influenciado na inclusão da matéria no currículo escolar do Estado. Intelectual  participou ativamente de todos os projetos de identidade cultural de Mato Grosso do Sul, a partir da criação do Estado. Em 2004, o cineasta Alexandre B

Bando dos baianinhos aterroriza o Estado

Os irmãos Batista, gaúchos, domiciliados em Campo Grande, conhecidos como baianinhos , utilizando automóveis e até metralhadoras, aterrorizam fazendeiros em praticamente todo o território do atual Estado de Mato Grosso do Sul, especialmente no Pantanal, onde estão concentrados os maiores rebanhos bovinos no Estado. O impacto da organização criminosa teve repercussão nacional, como vemos na ampla reportagem da Agência Meridional, publicada em 15 de dezembro de 1943, em todos os jornais dos Diários Associados: Diante dos sucessivos assaltos de um bando que usa metralhadoras de mão, a população matogrossense pergunta: Lampeão, Corisco e Silvino Jacques terão encontrado sucessores aperfeiçoados? É o que vem acontecendo com o aparecimento dos ‘baianinhos’, grupo de bandoleiros que fazem incursões na região sul de Mato Grosso, tendo nos últimos dias de novembro efetuado ataques a cerca de 11 fazendas. Silvino Jacques, como se sabe, assolou com sua gente o nordeste do Estado,