Pular para o conteúdo principal

Rondon em Coxim



Em missão de reconhecimento do trajeto da linha telegráfica Cuiabá-Bela Vista, já implantada de Cuiabá ao Itiquira, Rondon chega a Coxim, em 20 de novembro de 1901, conforme registro em seu diário:

Apeamos na casa do cel. Albuquerque onde diversas pessoas aguardavam a chegada da Comissão. O primeiro a me abraçar foi meu antigo professor de primeiras letras, João Batista da Silva Albuquerque, irmão do coronel. Professor público em Cuiabá anteriormente, era, no momento, o mais forte negociante de Coxim. Na escola pública por ele regida, é que me matriculou meu tio Manuel Rodrigues quando em 1873 cheguei de Mimoso.

Veio também me cumprimentar um homem que reconheci como o assassino de um camarada da fazenda Santa Luzia. Sem olhar para a mão que me estendia ele, perguntei-lhe se não era desertor do exército. Gaguejou e, disfarçando, esgueirou-se, desaparecendo antes que tivesse sido possível tomar qualquer providência.

Estava o coronel Albuquerque, infelizmente, muito abatido com grave perturbação cardíaca.


FONTE: Esther de Viveiros, Rondon Conta Sua Vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 141


FOTO: Projeto Memória

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Morre Bento Xavier, o maragato

Faleceu aos 53 anos em Belém, Paraguai, em 27 de setembro de 1915, o gaúcho Bento Xavier da Silva. Natural de Santana do Livramento, chegou ao Sul de Mato Grosso no final do século XIX, como refugiado da revolução federalista na qual lutou no exército maragato de Gumercindo Saraiva, derrotado pelos picapaus de Júlio de Castilho. Em Bela Vista dedicou-se à pecuária, ingressando em seguida nas lutas políticas regionais. Um dos pioneiros na luta pela divisão de Mato Grosso, liderou na primeira década do século passado a fase insurrecional da campanha separatista, chefiando um movimento conhecido como  Revolução da Paz , que "chegou a ter mais de 5.000 seguidores, que, para a época era um verdadeiro exército". Batido nos  combates de Estrela , em 1911 por tropas legalistas comandadas pelo major Gomes exilou-se no Paraguai, onde passou a trabalhar como açougueiro.  FONTE : Sidney Nunes Leite,  Bela Vista uma viagem ao passado , edição do autor, Bela Vista, 2001, pág

O assassinato de Henrique Spengler

Encontrado morto em casa, em 21 de março de 2003, em Coxim, vítima de agressão física, Henrique Spengler. 45 anos, nascido em Campo Grande, filho de José Roberto Spengler e Glorieta de Melo Spengler. Notabilizou-se como pesquisador das manifestações culturais indígenas e nativistas, dedicando-se, particularmente à nação Guaicuru. Foi ativista e um dos fundadores Movimento Cultural Guaicuru. Artista plástico, segundo Maria da Gloria Sá Rosa, Spengler "ao pesquisar a abstração dos padrões de desenho de couros, cerâmicas e tatuagem dos Cadiuéu, absorveu a essência das etnias regionais, projetando-a de maneira singular na linguagem das linhas e da forma". Professor, dedicou-se à disciplina História Regional que o interessava particularmente, havendo influenciado na inclusão da matéria no currículo escolar do Estado. Intelectual  participou ativamente de todos os projetos de identidade cultural de Mato Grosso do Sul, a partir da criação do Estado. Em 2004, o cineasta Alexandre B

Bando dos baianinhos aterroriza o Estado

Os irmãos Batista, gaúchos, domiciliados em Campo Grande, conhecidos como baianinhos , utilizando automóveis e até metralhadoras, aterrorizam fazendeiros em praticamente todo o território do atual Estado de Mato Grosso do Sul, especialmente no Pantanal, onde estão concentrados os maiores rebanhos bovinos no Estado. O impacto da organização criminosa teve repercussão nacional, como vemos na ampla reportagem da Agência Meridional, publicada em 15 de dezembro de 1943, em todos os jornais dos Diários Associados: Diante dos sucessivos assaltos de um bando que usa metralhadoras de mão, a população matogrossense pergunta: Lampeão, Corisco e Silvino Jacques terão encontrado sucessores aperfeiçoados? É o que vem acontecendo com o aparecimento dos ‘baianinhos’, grupo de bandoleiros que fazem incursões na região sul de Mato Grosso, tendo nos últimos dias de novembro efetuado ataques a cerca de 11 fazendas. Silvino Jacques, como se sabe, assolou com sua gente o nordeste do Estado,